quinta-feira, 28 de outubro de 2010

That´s Life


Ultimamente tenho pensado muito acerca da felicidade e de qual o caminho a percorrer para a encontrar. Onde descobrimos a felicidade que estamos à espera? Num novo par de sapatos , num destino paradisíaco de férias ou num jantar de sábado à noite? Podemos programar a felicidade? Tenho observado que as pessoas procuram compulsivamente a felicidade de forma obsessiva, exaustiva, esgotante. Muitos tentam programa-la, relegando a felicidade para certas alturas do ano, conformando-se com pequenos salpicos de alegria qual tempero da vida. Outros tentam apropriar-se dela, procurando encontra-la na riqueza, nos bens de consumo, e na satisfação das necessidades que, acreditando serem as suas, vão multiplicando. Acredito que a felicidade esteja na vida. Todos os dias, a cada momento. Uns dias mais, outros menos. Ás vezes sozinhos, outras acompanhados. Fatigados de procurar, esbarramos na felicidade , tropeçamos nela, sem nos darmos conta. Encontramos a felicidade quando apreendemos a apreciar a nossa vida! Uma das coisas que traz felicidade aos meus dias é, como sabem, cozinhar...hoje chegou levemente com esta entrada. Espero que vos faça felizes também....


CROSTINI DE BACALHAU
Tempo de preparação: 15 minutos (mais ou menos)
Serve:8 crostini
  • 8 fatias do seu pão preferido;
  • 1 dente de alho;
  • 1 alho francês pequeno;
  • 1 cenoura pequena;
  • 60 ml de espumante;
  • 1 posta de bacalhau demolhado média;
  • 1 colher de sopa de azeite + extra para regar;
  • uma mão cheia de salsa;
  • 1 folha de louro;
  • 12 azeitonas pretas sem caroço;
  • 300 ml leite;
  • sal e pimenta preta;

Modo de preparação:
  1. Aqueça a grelha do forno a 200 Cº. Entretanto, corte fatias de pão com cerca de 1 cm. Disponha-as num tabuleiro e leve ao forno, cerca de 3 minutos, ou até estarem douradas e estaladiças. Retire do forno e esfregue o dente de alho nas fatias de pão. Reserve.
  2. Descasque a cenoura e corte com um ralador médio. Corte o alho francês em tiras. Coloque uma panela com uma colher de sopa de azeite ao lume médio. Introduza a folha de louro e os legumes, regue com o espumante e tempere com sal e pimenta preta a gosto. Deixe estufar cerca de 5 minutos, ou até que os legumes estejam cozidos.
  3. Enquanto os legumes cozinham, ferva o leite com a posta de bacalhau, durante cerca de 3 minutos. Retire do lume e deixe esfriar. Assim que arrefecer, desfaça a posta de bacalhau em lascas. 
  4. Pique grosseiramente as azeitonas e a salsa.
  5. Antes de servir, coloque sobre uma fatia de pão uma camada de legumes, algumas lascas de bacalhau e polvilhe com azeitonas e salva. Finalize com um fio de azeite.
  6. Sirva e aprecie a vida....

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

I´m the capitan of my soul



Depois de alguns segundos de hesitação, vencida pela curiosidade, premi o botão vermelho do comando da televisão. Depressa apareceram as imagens. Desconsolada, fui saltando de canal em canal, como quem preenche o boletim da sorte, à procura do talão premiado. Mas, o que fazer quando todas as noticias parecem conspirar contra nós? O que fazer, quando se anuncia em rodapé um futuro tristonho e um dia-a-dia cabisbaixo? Sair dessa posição mental em que estamos encarcerados, dessa crise que nos sufoca e nos deprime, rejeitar completamente a ideia de que o mundo é como os telejornais nos apresentam, e convencermos-nos de que existem outras soluções sobre as quais ainda não tínhamos pensado. E depois, improvisar, improvisar, improvisar. Esta é a única atitude possível para os próximos tempos. Para conseguir só precisamos de duas coisas: em primeiro lugar, e ainda que isso nos custe, aceitar que que este é um momento de mudança, de ruptura com o passado; em segundo lugar, pensar nesse futuro com optimismo e deixar que seja a esperança o nosso guia nesta nova dimensão da vida. Como ouvi outro dia, "não é uma crise económica que nos faz deixar de ser quem somos". E, nós Portugueses, somos o Povo do improviso! A receita de hoje é isso mesmo: um improviso positivo!



QUEQUES DE CARNE COM PRESUNTO
(Adaptada da Revista Blue Cooking n.º 35)
Tempo de preparação: 10+30 minutos;
Serve: 4 pessoas;

  • 400 gr carne de vaca picada;
  • 400 gr carne de porco picada;
  • 1 cebola média ralada;
  • 3 colheres de sopa de pinhões torrados;
  • 2 ovos batidos;
  • 100gr de pão ralado fresco;
  • 125 ml de leite;
  • 3 colheres de sopa de salsa picada;
  • 16 fatias de presunto, da qualidade que gostar mais;
  • 1 colher de chá de mostarda;
  • sal e pimenta q.b.;
Modo de preparação:
  1. Aqueça o forno a 200 Cº. Pique a salsa e os pinhões. Rale a cebola. Coloque as carnes, a cebola, a mostarda, a salsa, os pinhões numa tigela e tempere com sal e pimenta a gosto. Misture bem. Chamo a atenção para ter cuidado com o sal, pois o presunto que vai envolver os queques é salgado!
  2. Entretanto, bata os ovos com o leite e adicione à mistura da carne incorporando bem.
  3. Unte ligeiramente formas de queques(se não tiver paciência pode usar uma forma de bolo inglês, por exemplo). Forre cada forma com duas fatias de presunto sobrepondo-as em forma de x, de modo a deixar as pontas de fora da forma. Utilizando a mesma medida, divida a mistura pelas formas e nivele o topo, cobrindo com as pontas das fatias de presunto.
  4. Leve ao forno e asse por 30 minutos ou até estar dourado. Sirva e divirta-se com a arte do improviso tipicamente portuguesa!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

By this River

Às vezes seguimos o trilho. Sem nos questionarmos, caminhamos segura e lentamente pela margem do Rio. Não queremos atravessar  e ver o que há do outro lado. Não pensamos em seguir com a rapidez da corrente. Seguimos só o trilho, pensando não ter a certeza de que esse é o nosso caminho. Um dia, um desses dias iguais aos outros, perdemos o rasto do trilho. Ficamos perdidos, sem saber para onde ir. Nesse dia, como em todos os outros, só temos que ver para onde o nosso coração nos puxa,  escolher qual o nosso caminho, e segui-lo com todas as nossas forças. Há quem fique na margem, há quem atravesse a ponte, há quem se deixe seduzir pela rapidez da corrente. Qualquer destas decisões envolve coragem. Coragem para seguir em frente. Coragem para mudar de margem. Coragem para seguir com o ritmo da corrente. Desde que a decisão seja feita com o coração, é sempre motivo para comemorar....a coragem de questionar, de escolher e decidir. Nada melhor que uma sobremesa de Outono para ajudar!

SORBET DE IOGURTE COM CALDA DE PÊRA:
Tempo de preparação: 20 minutos + refrigeração.
Serve: 6-8 pessoas;

  • 600 gr de pêras;
  • 200 ml + 350 ml água;
  • 100 gr + 200 gr açúcar;
  • raspa + sumo de 1 limão;
  • 350 ml de espumante;
  • 5 cravinhos;
  • 2 paus de canela;
  • 2 hastes de tomilho;
  • 100 ml natas frescas;
  • 325 gr iogurte natural;
  • 250 dr de queijo fresco;
Modo de preparação:
  1. Comece pelo sorbet.Coloque numa panela 350 ml de água e 200 gr açúcar. Leve a ferver durante 3 minutos. Retire do lume, deixe arrefecer e junte o sumo de limão. Enquanto arrefece, misture o iogurte com o queijo fresco e por fim a calda de açúcar arrefecida. Coloque na máquina de fazer gelados, e proceda de acordo com as instruções.
  2. Entretanto prepare a calda de pêra. Coloque numa panela 200ml de água, 100gr de açúcar e a raspa de limão. Leve ao lume e deixe ferver durante cerca de 5 minutos. Descasque e parta em pedaços as pêras. Junte à calda de açúcar, as pêras, o cravinho, a canela, o tomilho e o espumante. Deixe ferver em lume brando durante 10 a 15 minutos, ou até que os pedaços de pêra estejam bem cozidos. Retire as especiarias e triture com uma varinha mágica. Deixe arrefecer e incorpore as natas. Leve ao frigorífico.
  3. Sirva o sorbet com a calda de pêra salpicada com pedaços de amêndoas, nozes ou avelãs, consoante o caminho que o seu coração lhe disser para seguir!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

The Thrill Is Gone ?

Longe vai o tempo em que só se cozia Pão uma vez na semana. O "Pão nosso de cada dia" era benzido antes de ir para o forno, retirado  com cuidado, embrulhado com candura, guardado em sigilo e venerado na mesa. Num País onde o Pão é quase uma religião, "não há mesa sem Pão", nem que seja "o que o Diabo amassou".  Cada região tem o seu e faz gala disso. Não há açorda sem Pão Alentejano, nem sarrabulho sem Broa. Nas romarias é Rei, com fêveras ou sardinhas, nos banquetes é Príncipe com miniaturas de preguinhos. E, perdoem-me os franceses, pois Deus sabe o que gosto de baguettes, mas não há como o Pão de Mafra ou a Broa de Avintes.  Mas, neste País em que uma Padeira fez história, e uma Rainha fez milagres, já não se coze Pão uma vez na semana. Coze-se todos os dias e a cada cinco minutos. Um Pão sem alma, e sem sabor, que chega congelado em tabuleiros ordenados, e parte em sacos de papel impessoais. Bem sei que ao aroma do Pão quente ninguém consegue resistir, mas a verdade é que o sabor não nos pode enganar! Custa-me ver que há cada vez menos padarias,  que os portugueses sucumbiram ao pão mole ensacado, enriquecido e conservado. Eu adoro Pão. Pão a sério, que deixa migalhas quando se parte e deixa saudades quando não há. Gosto do pão tradicional, fresco ou torrado com manteiga. Mas também gosto do Pão moderno, com mil sabores a acompanhar. Esta é uma das minhas receitas de pão predilecta...espero que gostem!



PÃO DE TOMATE SECO E ALECRIM
Tempo de preparação: 15 minutos + 90+45 minutos de levedura + 20 minutos de cozedura;
Serve: 12 pães;
 
  • 15 gr de fermento de padeiro;
  • 15 gr de açúcar;
  • 15 gr de sal;
  • 300 ml de água;
  • 500 gr farinha sem fermento;
  • 2 colheres de sopa de alecrim;
  • 10 tomates secos cortados em pedaços;

Modo de preparação:
  1. Dissolva o fermento e o açúcar na água morna. Atenção à temperatura da água, pois se estiver muito quente impede que o fermento exerça a sua função. Tape com um pano húmido e deixe repousar durante 5 minutos ou até que apareçam borbulhas na superfície;
  2. De seguida, numa tigela grande, misture a farinha com o sal, o tomate seco e o alecrim, cortados. Faça uma cova no centro e deite a água com o açúcar e o fermento. Faça movimentos rápidos para misturar tudo.
  3. Deite esta mistura numa superfície limpa e amasse durante cerca de 10 minutos. Ajuste com mais farinha se lhe parecer necessário. Esta é a parte mais divertida! Se não achar graça nenhuma...utilize uma batedeira eléctrica na opção gancho.
  4. Coloque a massa levemente enfarinhada numa tigela. Dê uns golpes na massa e cubra a tigela com película aderente. Deixe repousar em local quente durante 60-90 minutos, ou até que duplique o seu tamanho.
  5. Depois de ter duplicado o seu tamanho, divida a massa em mais ou menos 12 porções, com o mesmo peso. Lembre-se que vão duplicar de tamanho! Com as mãos, forme rolinhos que serão pequenos pães. Polvilhe um tabuleiro com farinha de milho e disponha os pães no tabuleiro enfarinhado, com distância entre eles suficiente para que não se colem quando crescerem. Coloque o tabuleiro num local resguardado de correntes de ar e tape com um pano. Deixe levedar cerca de 45 minutos ou até que o tamanho duplique.
  6. Aqueça o forno a 230 Cº. Entretanto, pincele os pães com água e introduza-os no forno. Um truque que utilizo para que os pães fiquem dourados é colocar uma travessa com água a ferver dentro do forno. Só assim consigo gerar a humidade típica dos fornos industriais das padarias. Sem este truque, os pães ficam cozidos e saboreados, mas não lindos, dourados e estaladiços.
  7. Coza os pães durante cerca de 25 minutos ou até que fiquem dourados. Saboreie pão acabado de fazer...com alma e sabor!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Where all the good people go?



Dizem que a chamada classe média está a desaparecer. Eu tenho uma Amiga que discorda. Com seu sorriso característico - uma simbiose, quase perfeita, entre a troça e o triunfo - costuma afirmar, convictamente, que a classe média nunca desaparecerá. A classe média está a sofrer uma transformação, afirma. Passou de classe média a classe low cost. Uma classe social que procura sempre o melhor sem ter de pagar muito por isso. A classe low cost tem uma voracidade consumista crescente, procura alargar, indefinidamente, o leque de bens e serviços de luxo que a pode ter acesso a baixo custo. É uma classe com tendência natural para o consumo, e que não reconhece outros valores que não o baixo preço de um produto, acrescenta. Quanto a mim, não sei se a classe média está a desaparecer ou se está em mutação. Nem sequer sei se a classe low cost resulta de uma democratização dos bens e serviços, ou se é consequência natural do capitalismo. O que eu sei é que quando decido gastar o meu dinheiro num produto luxuoso e requintado, não é o preço que determina a minha escolha, é a qualidade. Acredito que a classe média esteja, hoje mais do que nunca, a consumir excessivamente. Mas, não creio que os seus valores se tenham alterado de tal forma que o preço baixo seja o único factor determinante das suas escolhas. De uma forma ou de outra, cozinhar em casa com requinte é um luxo acessível que eu gosto de ter. Será que isso faz de mim uma pessoa low cost? E vocês?


CANNELLONI DE ABÓBORA, RICOTA E ESPINAFRES
(Adaptada do Livro Dias com Mafalda, de Mafalda Pinto Leite)
Tempo de preparação: 45 minutos;
Serve: 4-6 pessoas;

  • 10 folhas de lasanha de massa fresca;
  • 400 gr de queijo ricota, ou requeijão;
  • 500 gr de espinafres;
  • 750 gr de abóbora;
  • 50 + 75 gr de manteiga;
  • 3 dentes de alho;
  • 75 gr queijo parmesão + 4 colheres de sopa extra para polvilhar;
  • 3 colheres de sopa de nozes inteiras+ 2 colher de nozes picadas extra;
  • 1 pitada de noz moscada;
  • 2 folhas de louro;
  • 750 ml de leite
  • 75 gr farinha;
  • 2 colheres de sopa de azeite;
  • uma mão cheia de oregãos;
  • sal e pimenta preta acabada de moer;
Modo de preparação:
  1. Corte a abóbora em cubos. Numa panela em lume médio, derreta a 50 gr de manteiga e adicione dois dentes de alho e a abóbora e deixe estufar por alguns minutos, até a abóbora estar mole. Tempere com sal, pimenta preta acabada de moer, noz moscada e oregãos e retire do lume quando estiver cozida. Deixe arrefecer ligeiramente.
  2. Entretanto, aqueça o azeite e um dente de alho e adicione os espinafres até murcharem e toda a água evaporar. Tempere com sal e pimenta e reserve.
  3. Num robot de cozinha bata a abóbora, as nozes, o queijo parmesão até ficar cremoso, mas ainda com alguns pedaços. Deite para uma tigela e misture com o queijo ricota.
  4. Aqueça o forno a 180cº e entretanto faça o molho branco. Leva os restantes 75 gr de manteiga ao lume médio. Assim que estiver derretida junte a farinha e mexa até ficar homogéneo. retire do lume e adicione ,aos poucos, o leite, mexendo para não formar grumos. Coloque o louro, uma pitada de noz-moscada e leve a ferver durante cerca de 5 minutos.
  5. Finalmente, estenda as folhas de lasanha e coloque uma camada de recheio de abóbora e ricota e uma camada de espinafres na ponta das folhas, enrolando para formar um cannelloni. Repita este processo até ter todas as folhas recheadas. Disponha-as num, prato de ri ao forno, cubra com o molho branco, polvilhe com queijo parmesão extra e nozes picadas, se gostar.
  6. Leve ao forno por 35 minutos, ou até estar dourado. Sirva acompanhado por um vinho da sua eleição, e aproveite uma refeição low cost!

domingo, 10 de outubro de 2010

With A Little Help From My Friends


Bem sei que os sentimentos não se quantificam. Não há balança, colher ou copo medidor que nos valha. É difícil dizer ao certo, com precisão, quantos Amigos temos. Nos dias que correm, a palavra Amizade pode ter inúmeros significados. Serve para distinguir o Colega, o Vizinho, o Conhecido, o Sócio, a Pessoa Simpática, e todos aqueles que estão por perto. Todo o circulo social em que, hoje, estamos envolvidos nos vai trazendo mais, e mais, Amigos. Mas, intuitivamente, sabemos que a Amizade é mais do que um simples clique com o rato no botão azul de uma rede social. A palavra Amizade traz-nos à memória um sentimento terno, sereno, límpido, feito de certezas e confiança. No seu significado mais restrito, os Amigos são aqueles que admiramos, aqueles com quem nos sentimos bem. Li algures que "Amigo é aquele a quem agrada e que deseja fazer bem a outro e que espera que os seus sentimentos sejam retribuídos". A Amizade é sincera e altruísta, mas também exigente. A Amizade é aberta, divertida, mas também atenta. A Amizade não vive só de conversas e confidências, mas de gestos e de atitudes....e de doçura, como esta compota que fiz para dar os Parabéns a dois queridos Amigos pelos seus aniversários!


COMPOTA DE ABÓBORA
Tempo de preparação: 1hora
Serve: 500 ML

  • 1 kg de abóbora;
  • 450 açucar;
  • 125gr amêndoas torradas;
  • 1 colher chá de canela;
  • 1 colher de chá de cardamomo;
Modo de preparação:
  1. Corte a abóbora em quadrados pequenos e coloque-a num tacho com o açúcar, a canela e o cardamomo e leve a lume brando e deixe cozer. Aumente a temperatura e deixe ferver com intensidade até que a abóbora esteja cozida e tenha engrossado.
  2. Retire a mistura do lume e adicione a amêndoas torradas. Deite em francos esterilizados, vede bem e cuide dos seus Amigos!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Yellow Submarine



Entrei no carro apressada e liguei o rádio. Enquanto ouvia aquelas vozes, tristemente familiares, debitarem as medidas orçamentais do Estado Português para o próximo ano, tentava fazer contas à vida. Ao contrário do que é costume, não precisei de me socorrer de calculadora, bastou-me a memória. Eram contas fáceis e o resultado era certo: ficamos mais pobres. Todos. Sem excepção. Uma pobreza partilhada. Uma pobreza sistematicamente adiada. Uma pobreza irresponsavelmente escondida. E o pior de tudo: uma pobreza instalada. Agora, de nada adiantam indicadores simpáticos sobre a economia portuguesa, pois bem sabemos que não são reais. Basta fazer contas à vida - essa vida que vivemos todos os dias, que nos transporta, nos alimenta, nos trata, nos educa, nos calça e nos veste. As contas diárias da vida real há muito que nos mostram que estamos mais pobres. Não adianta fazer de conta que não é nada connosco, sacudir a água do capote, ou ao jeito do senhor Primeiro-Ministro, falar de submarinos quando a pergunta era sobre salários. Não adianta reagir com uma atitude de ignorância altiva, mas antes adoptar uma postura de humildade informada. Nestes tempos difíceis que se avizinham, a calculadora será o nosso melhor aliado, e só queremos receitas deliciosas e baratas...como esta!


EMPADÃO DE PEIXE
(Adaptada do Livro Dias com Mafalda de Mafalda Pinto Leite)
Tempo de preparação: 45 minutos;
Serve: 4 pessoas;
  • 1,5 kg de batatas;
  • 50+ 500 ml de leite;
  • 50 + 75 gr de manteiga;
  • 75 gr farinha;
  • 500 gr pescada;
  • 200 gr bacalhau demolhado;
  • 1 cenoura ralada;
  • 4 ovos;
  • 200 gr de espinafres;
  • 2 folhas de louro;
  • 1 pitada de noz-moscada;
  • 1 colher de chá de mostarda;
  • sal, pimenta q.b.

Modo de preparação:
  1. Corte as batatas e o peixe em pedaços. Desfie o bacalhau. Coloque as batatas e os ovos numa panela com água e sal a ferver e deixe-as cozer, até estarem moles. Escorra bem. Adicione 50 gr de manteiga, 50 ml de leite e uma pitada de noz-moscada e faça um puré.
  2. Entretanto, derreta 70 gr de manteiga em lume brando. Adicione a farinha e mexa até formar uma pasta. Cozinhe mexendo sempre, cerca de 2 minutos. Retire do lume e adicione os 500 ml de leite aos poucos até obter um molho cremoso. Leve a lume brando novamente, adicionando uma pitada de noz-moscada e as folhas de louro, deixando borbulhar por alguns minutos. Acrescente uma colher de chá de mostarda e deixe arrefecer ligeiramente.
  3. Pré-aqueça o forno a 200ºC. Coloque a cenoura ralada, os espinafres, o peixe, o bacalhau e os ovos numa travessa de ir ao forno. Regue com o molho branco e misture tudo. Finalize com o puré de batata. Disponha pequenas nozes de manteiga por cima do puré e leve ao forno por 30 minutos, ou até estar com um dourado.
  4. Sirva e delicie-se. Afinal, só o Primeiro-Ministro é que ainda não se deu conta de que estamos todos no mesmo submarino?

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Beautiful Day




Esta podia ser apenas mais uma segunda-feira de Outono. Mais um dia de inicio de semana, como tantos outros. Se hoje não fosse o dia 4 de Outubro de 2010, seria apenas isso e mais nada. Mas, hoje comemoro mais um aniversário de casamento. Celebro o meu percurso de felicidade e queria partilha-lo convosco. Não posso dizer-vos o tempo, o grau de dificuldade, nem o modo de preparação de um casamento feliz, pois este é um prato que espero levar toda a minha vida a preparar. Amor, desejo, carinho, compreensão, tolerância, são alguns dos ingredientes que fui adicionando. Misturei também paciência, uma pitada de mistério, e uma mão cheia de boa-disposição. Levei ao lume bem alto e deixei levantar fervura, apurei o paladar, provei, rectifiquei os temperos e.....servi!


CREME DE COUVE-FLÔR, ALHO FRANCÊS E PISTÁCHIOS
(Adaptado da Revista Saberes e Sabores)
Tempo de preparação: 20 minutos;
Serve: 4 a 6;


  • 75 gr de manteiga;
  • 1 colher de sopa de azeite;
  • 1 couve-flôr;
  • 2 alhos-franceses;
  • 750 ml de caldo de galinha;
  • 250 ml de leite;
  • 2 colheres de sopa de farinha;
  • uma mão cheia de pistácios descascados;
  • sal e pimenta q.b.

Modo de preparação:

  1. Derreta a manteiga e o azeite em lume brando. Entretanto, corte o alho-francês em rodelas, separe a couve-flor em ramos, lave os legumes e adicione-os à manteiga deixando estufar em lume muito brando cerca de 10 minutos;
  2. Aqueça o caldo e o leite. Polvilhe os legumes estufados com a farinha,regue com o caldo e leite quentes, e mexa. Triture tudo com a varinha mágica e deixe ferver durante 5 minutos. Rectifique os temperos e acrescente mais água se achar necessário.
  3. Sirva polvilhado com pistáchios triturados.....

    [UPDATE: com esta receita participo no Festival das Sopas que o Blog Delicias e Companhia promove. Podem ver aqui dezenas de receitas de sopas deliciosas!]

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Where is my mind?


Não há dúvidas: cada louco com a sua mania . Eu sei que esta é uma ideia da sabedoria popular, mas não é por isso que deixa de ser verdadeira. Eu tenho, confessadamente, manias. Manias um pouco bizarras que facilmente me classificam como louca. Adivinho sobrancelhas franzidas e sorrisinhos malandros. Aquela malandrice inocente das crianças que até o olhar mais distraído é capaz de adivinhar. Não é caso para menos. Vou revelar-vos uma coisa: tenho a mania de que o Outono começa no primeiro dia de Outubro. Até vos digo mais. Basta virar a página do calendário para começar a sentir a brisa mais fria e os dias mais curtos. Manias, bem sei. Em Outubro, cheira-me sempre a castanhas e apetece-me comida suculenta e reconfortante. Ouço o estalar das folhas secas que piso, por graça, enquanto caminho pelas ruas de sempre. Vejo mil e uma cores de Outono em todo o lado e não consigo pensar noutra coisa que não seja em cogumelos e caça. A receita que vos deixo aqui neste primeiro dia do mês de OutonoOutubro, celebra a chegada desta estação, e celebra,sobretudo, as manias que fazem de todos nós um pouco loucos!

TAGLIATELLE COM CONFIT DE PATO E ESPINAFRES

(Adaptada de uma receita de Ratolo de Confit de Pato do Chef Camilo Jaña)
Tempo de preparação: 30 minutos;
Serve: 4 pessoas;


  • 400 gr tagliatelle;
  • 250 gr confit de pato desfiado;
  • 150 chalotas;
  • 1 talo de aipo;
  • 200 gr espinafres cozidos;
  • 30 gr de cogumelos porcini secos;
  • 3 colheres de sopa de azeite;
  • 1 dente alho;
  • sal e pimenta q.b.;
Modo de preparação:
  1. Comece por desfiar o confit de pato. De seguida, hidrate os cogumelos em água morna, deixe repousar uns minutos e depois escorra, removendo as impurezas.
  2. Coza a massa até ficar al dente. Entretanto, pique finamente o aipo, o alho, as chalotas, os espinafres e os cogumelos porcini. Deite numa panela e aqueça o azeite em lume médio alto, junte o alho, as chalotas e o aipo. Junte também os cogumelos e deixe alourar durante cerca de 5 minutos. Finalmente, acrescente o pato muito bem desfiado e os espinafres. Rectifique os temperos e reserve.
  3. Incorpore a mistura de cogumelos, legumes e pato na massa e sirva polvilhado com queijo parmesão ralado na hora, se gostar.
  4. Celebre a chegada do Outono e tudo que esta estação tem de bom!