quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Where all the good people go?



Dizem que a chamada classe média está a desaparecer. Eu tenho uma Amiga que discorda. Com seu sorriso característico - uma simbiose, quase perfeita, entre a troça e o triunfo - costuma afirmar, convictamente, que a classe média nunca desaparecerá. A classe média está a sofrer uma transformação, afirma. Passou de classe média a classe low cost. Uma classe social que procura sempre o melhor sem ter de pagar muito por isso. A classe low cost tem uma voracidade consumista crescente, procura alargar, indefinidamente, o leque de bens e serviços de luxo que a pode ter acesso a baixo custo. É uma classe com tendência natural para o consumo, e que não reconhece outros valores que não o baixo preço de um produto, acrescenta. Quanto a mim, não sei se a classe média está a desaparecer ou se está em mutação. Nem sequer sei se a classe low cost resulta de uma democratização dos bens e serviços, ou se é consequência natural do capitalismo. O que eu sei é que quando decido gastar o meu dinheiro num produto luxuoso e requintado, não é o preço que determina a minha escolha, é a qualidade. Acredito que a classe média esteja, hoje mais do que nunca, a consumir excessivamente. Mas, não creio que os seus valores se tenham alterado de tal forma que o preço baixo seja o único factor determinante das suas escolhas. De uma forma ou de outra, cozinhar em casa com requinte é um luxo acessível que eu gosto de ter. Será que isso faz de mim uma pessoa low cost? E vocês?


CANNELLONI DE ABÓBORA, RICOTA E ESPINAFRES
(Adaptada do Livro Dias com Mafalda, de Mafalda Pinto Leite)
Tempo de preparação: 45 minutos;
Serve: 4-6 pessoas;

  • 10 folhas de lasanha de massa fresca;
  • 400 gr de queijo ricota, ou requeijão;
  • 500 gr de espinafres;
  • 750 gr de abóbora;
  • 50 + 75 gr de manteiga;
  • 3 dentes de alho;
  • 75 gr queijo parmesão + 4 colheres de sopa extra para polvilhar;
  • 3 colheres de sopa de nozes inteiras+ 2 colher de nozes picadas extra;
  • 1 pitada de noz moscada;
  • 2 folhas de louro;
  • 750 ml de leite
  • 75 gr farinha;
  • 2 colheres de sopa de azeite;
  • uma mão cheia de oregãos;
  • sal e pimenta preta acabada de moer;
Modo de preparação:
  1. Corte a abóbora em cubos. Numa panela em lume médio, derreta a 50 gr de manteiga e adicione dois dentes de alho e a abóbora e deixe estufar por alguns minutos, até a abóbora estar mole. Tempere com sal, pimenta preta acabada de moer, noz moscada e oregãos e retire do lume quando estiver cozida. Deixe arrefecer ligeiramente.
  2. Entretanto, aqueça o azeite e um dente de alho e adicione os espinafres até murcharem e toda a água evaporar. Tempere com sal e pimenta e reserve.
  3. Num robot de cozinha bata a abóbora, as nozes, o queijo parmesão até ficar cremoso, mas ainda com alguns pedaços. Deite para uma tigela e misture com o queijo ricota.
  4. Aqueça o forno a 180cº e entretanto faça o molho branco. Leva os restantes 75 gr de manteiga ao lume médio. Assim que estiver derretida junte a farinha e mexa até ficar homogéneo. retire do lume e adicione ,aos poucos, o leite, mexendo para não formar grumos. Coloque o louro, uma pitada de noz-moscada e leve a ferver durante cerca de 5 minutos.
  5. Finalmente, estenda as folhas de lasanha e coloque uma camada de recheio de abóbora e ricota e uma camada de espinafres na ponta das folhas, enrolando para formar um cannelloni. Repita este processo até ter todas as folhas recheadas. Disponha-as num, prato de ri ao forno, cubra com o molho branco, polvilhe com queijo parmesão extra e nozes picadas, se gostar.
  6. Leve ao forno por 35 minutos, ou até estar dourado. Sirva acompanhado por um vinho da sua eleição, e aproveite uma refeição low cost!

6 comentários:

  1. Adorei esta receita! fiquei mesmo com vontadinha de provar!... se me desses um bocadinho, isso aí é que era low-cost! Brincadeirinhas à parte, estou realmente preocupada com a situação do nosso país. A chamada "classe média", realmente a única que paga e amortece as crises, está cada vez com menos margem e à beira de situações muito complicadas. E mais ainda, acho que muita gente ainda não se apercebeu da gravidade da situação e de todas as vulnerabilidades do país. Que será do nosso futuro? Oxalá haja futuro! Babette

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  2. Um grande número de pessoas é, de facto, como caracteriza a tua amiga. Consome feroz e até ridiculamente coisas de que não precisa (digo eu). Mas também há muita gente que não sei como se tem aguentado nas canelas (talvez com ajuda de familiares) e como se aguentará no futuro próximo... Comer bem em casa é, para mim, muito mais luxuoso do que ir a um restaurante, ter um serviço despersonalizado, pagar um dinheirão e nem saber ao certo aquilo que como e em que condições realmente estava...
    Bjsss,
    Madalena

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  3. O teu texto reflecte e bem a situacao pela qual Portugal esta a passar. Oxala isto nao signifique que muitas familias portuguesas fiquem penhoradas. Uma coisa e certa as medias e pequenas empresas vao passar por grandes dificuldades e muitas certamente irao fechar as portas. Com isto mais desemprego, menos dinheiro a entrar e por ai a fora. Ou seja, e uma bola de neve que vai comecar a rolar por uma grande encosta abaixo.

    Eu opto sempre por escolher artigos e alimentos com qualidade, mas se achar que o preco e demasiado excessivo opto pelo normal.

    Ja fiz cannelonnis que levavam estes ingredientes e posso dizer que e uma excelente alternativa para quem quer comer algo veggie.

    Beijinhos e bom fds

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  4. Filipa, eu preciso discordar de sua amiga. Sei que a classe média de um país pode desaparecer, pois já vivi isso! Sou brasileira, tenho 46 anos e sei o que é, dia a dia, ver as nossas posses desintegrarem-se frente a ridículas e diárias subidas da taxa de inflação! Sei o que é ver os postos de trabalho diminuírem, ao ponto de integrar filas e mais filas às portas de empresas. Com uma grande diferença: quando passei por isso, não havia subsídios desemprego, social e outros que existem aqui em Portugal.
    Infelizmente tenho experiência suficiente para estar preocupada, com uma sensação de "eu já vi esse filme"! Mas continuo com esperanças de que as pessoas sejam fortes para poder passar essa má fase!
    Sempre procuro produtos de qualidade com bom preço. Há de fazer escolhas e abdicar de certas coisas, mas isso é a vida!
    Gostei muito dos seus canelloni!
    Um beijo!
    :o)

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  5. Que bom recheio para estes Cannelloni.

    Esperemos que os cortes orçamentais que tenhamos que fazer não sejam em mais do que pequenos luxos.
    A questão é o cada um entende como luxo, talvez aqui se distinga a classe média das outras.

    Pelo menos que nas nossas mesas se mantenham uma boa refeição, muito ou pouco requintada, não importa, mas que tenham aqueles sabores que tanto gostamos e nos consolam.

    Bjs

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  6. No meu ponto de vista essa Classe Low Cost já existe há alguns anos e é simplesmente a Classe Média a tentar por "pão na mesa" antes de cair na Pobreza. Quem me dera estar equivocada!
    Em relação ao canelloni estão divinamente bem acompanhados!
    Bjs

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