segunda-feira, 29 de novembro de 2010

One

No fim-de-semana que passou, decorreu nas grandes superfícies comerciais mais uma acção do Banco Alimentar contra a Fome. Enquanto esperava a minha vez na fila da caixa, pude observar atentamente as movimentações em torno do peditório. Jovens fardados, acenando com os seus trajes a mensagem moral da generosidade, dirigiam-se em passinhos lentos e medrosos aos consumidores. Envergonhados, iam envergando as sacas brancas e azuis. Temendo a indiferença, iam sorrindo aos que escutavam a urgência dos seus apelos. Admiro estas pessoas. Aplaudo esta gente que, por mais generosa que seja, fica sempre com a sensação de não ter dado o suficiente. Pensa nos outros, identifica-se com os seus problemas, compreende as suas reivindicações, sente a fome como se fosse a sua, e pede como se precisasse de comer. Felicito esta gente generosa que pede para os outros a medo e saúdo este povo que dá por si com coragem. Em tempos que se afirmam difíceis, satisfaz-me ver pessoas que negam a fome. Pessoas que não medem a generosidade em moedas e praticam aquilo em que acreditam: o amor ao próximo.

PEITO DE FRANGO RECHEADO COM ALHEIRA E ESPINAFRES
(Adaptado da Revista Blue Cooking n.º51)
Tempo de preparação: 40 minutos
Serve: 4 pessoas

  • 4 peitos de frango;
  • 1 alheira de caça;
  • 250 gr de folhas de espinafres;
  • 6 dentes de alho;
  • 1 colher de chá de pimentão doce;
  • 30 ml de vinho branco;
  • 4 folhas de louro;
  • azeite, sal e pimenta q.b.;
Modo de preparação:
  1. Tempere os peitos de frango com sal, pimenta preta, folhas de louro, pimentão doce, 4 dentes de alho picados, duas colheres de sopa de azeite e vinho branco e deixe repousar. Entretanto, coza a alheira em água durante 2 minutos. Retire o recheio da alheira e reserve.
  2. Salteie os espinafres num frigideira com um fio de azeite e com os restantes dentes de alho finamente picados.
  3. Faça uma abertura nos peitos de frango, formando uma espécie de envelope e recheie com a alheira cozida e os espinafres. Ate com fio de cozinha e leve ao forno durante cerca de 30 minutos, ou até estar dourado e cozinhado. Vá regando com um pouco do molho da marinada, sempre que lhe parecer necessário.
  4. Sirva acompanhado com arroz branco ou salada e brinde à generosidade. 

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

You´ve got to hide your love away

Ouvi os já habituais comentários sobre a greve geral. Como de costume, fiquei intrigada e não consegui evitar um leve sorriso de troça. Nunca gostei de números. Ensinaram-me que os números são o que são. Não se adjectivam, não se abrilhantam e ,só por si, raramente se interpretam. Talvez por isso me tenha deixado seduzir pelas figuras de estilo. Foi preciso crescer para perceber que afinal, os números também têm leituras diferentes consoante os olhos de quem os lê. Também se manipulam, também se enfeitam, e também confirmam apenas a realidade que quem os lê quer ver. É sempre o que acontece com os números da Greve. Há quem acredite que lendo os números de trás para a frente, ou de cima para baixo, altera a realidade. Há quem comente cinicamente sobre o sindicalismo, pensando que com as suas prepotentes leituras dos números, altera as somas das palavras. Dignidade, Protesto, Inconformismo são palavras que os números de ontem não conseguiram calar. Existem. São o que são. Não precisam de figuras de estilo. A sua soma aritmética é igual ao Protesto sindical. Nos dias que correm, em que já todos percebemos que a lógica dos direitos laborais só vale enquanto a lógica da economia deixar, protestar abertamente, sem vergonha, sem medo, é a única forma de expressão que resta a quem trabalha. Independentemente de profissão, de salário, de contrato, de horário e de quadrante politico. Acredito que, como já alguém escreveu por aí, "o protesto sindical é a única manifestação de força que equilibra e impede os desequilíbrios" do poder....por mais picante que ele seja!


FARFALE PICANTE COM BRÓCULOS E ANCHOVAS
(adaptado do Livro Na Cozinha com Jamie Oliver de Jamie Oliver)
Tempo de preparação : 15 minutos
Serve: 4 pessoas


  • 450 gr massa  farfale;
  • 2 dentes de alho;
  • 1 e 1/2 malagueta fresca sem sementes;
  • 15 filetes de anchovas;
  • 2 molhos de bróculos;
  • 2 colheres de sopa de azeite;
  • uma mão cheia de pinhões torrados;
  • sal e pimenta preta moída na hora;
  • queijo parmesão para servir ;
Modo de preparação:
  1. Numa panela com água a ferver, coza a massa com sal, segundo as instruções da embalagem.
  2. Entretanto, arranje os bróculos em raminhos e pique os caules finamente. Pique o alho e corte a malagueta em tiras finas. Leve uma frigideira ao lume com o azeite, a malagueta , as anchovas e o alho, e assim que ganhar cor e as anchovas se desfizerem, junte os bróculos, reduza o lume e deixe estufar, juntando um pouco de água da cozedura da massa.  Vá juntando um pouco mais de água da cozedura da massa se achar necessário. Quando os bróculos estiverem cozidos, esmague-os um pouco com um garfo. Reserve.
  3. Escorra a massa. Envolva a massa com o molho de bróculos picante e leve ao lume por um minuto. Tempere com pimenta preta, polvilhe com queijo parmesão e adicione os pinhões torrados.
  4. Sirva e não deixe de manifestar livremente aquilo em que acredita!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Try Again...

A primeira vez que fiz pão em casa foi um verdadeiro desastre. Tinha visto o Jamie Oliver fazer um pão lindo, dourado, com uma crosta estaladiça, e imaginei-me logo a fazer - e a comer- um igual. Convenci-me de que também era capaz. Abri o livro, li com atenção as indicações e, com o coração cheio de esperança, lancei-me sobre a bancada da cozinha. Arregacei mangas, prendi cabelo, tirei anéis e relógio. Nada me iria atrapalhar. Juro que imitei todos os gestos circulares, com a máxima rapidez de que fui capaz. Bolas! No programa parecia tão fácil! Mas, sobre a minha bancada não se formava bola de massa nenhuma. Ao contrário. A massa tinha vida própria. Espalhara-se pelo chão, pelos azulejos, pelo avental, pelas mãos, pelo cabelo....enfim. Desolada, limpei toda a porcaria que tinha feito e aceitei com humildade os meus erros. À medida que ia limpando os vestígios brancos na minha cozinha, ia curando os salpicos de orgulho ferido, gracejando com a minha pequenez e troçando com os restos da minha derrota. Há dias em que as coisas não correm bem .Quem gosta de cozinhar sabe que é preciso ser humilde. Só assim podemos mudar, melhorar, ultrapassar as dificuldades e ser bem sucedidos no final....depois de termos limpo muitos, muitos, muitos salpicos de farinha!


PÃO RÚSTICO
(receita adaptada daqui)
Tempo de preparação: 10 minutos + 12 horas de fermentação + 10 minutos +3 horas de fermentação + 30 a 45 minutos de cozedura;
Rendimento: 4 ou 6 cacetes dependendo do tamanho;


Massa branca fermentada:
  • 250 gr farinha;
  • 175 ml água;
  • 5 gr sal;
  • 5 gr fermento de padaria (fermento activo fresco);
Massa de cacete:
  • 250 gr massa branca fermentada;
  • 300 ml água
  • 500 gr farinha;
  • 10 gr sal;

Modo de preparação:
  1. Com, pelo menos 12 horas de antecedência , ou de um dia para o outro, preparamos a massa branca fermentada, misturando todos os ingredientes até obtermos uma massa branco lisa e homogénea. Como a massa é bastante pegajosa, podemos misturar com uma colher, ou utilizar a batedeira na opção gancho.
  2. Colocamos numa tigela e tapamos com película aderente e deixamos repousar no frigorífico de um dia para o outro, até que tenha duplicado o seu tamanho ( até 14 horas de fermentação) .
  3. Com esta quantidade iremos obter cerca de 400 gr de massa branca fermentada. Podemos utilizar toda a quantidade, ou apenas uma parte e a restante voltamos a guardar no frigorífico, uma vez que se conserva perfeitamente até 6 dias.
  4. Quando obtivermos a massa branca fermentada, podemos preparar os cacetes de pão rústico. Começamos por misturar a farinha com a água até obter uma massa lisa e homogénea, amassando cerca de 5 minutos ( com as mãos, com uma colher ou na batedeira). Cobrimos com um pano húmido e deixamos repousar cerca de 30 minutos.
  5. Depois juntamos os 250 gr de massa branca fermentada e o sal ao preparado anterior . Numa superfície de trabalho enfarinhada, sovamos a massa cerca de 10 minutos, ou até que a massa deixe de estar colada à bancada de trabalho.Não tenha medo de adaptar as quantidades de farinha ou de água, conforme lhe for parecendo necessário.Colocamos a massa de pão numa tigela, tapamos com película aderente e deixamos repousar num local quente e sem correntes de ar. durante cerca de 2 horas ou até que o seu tamanho duplique.Pulverize a massa com um pouco de água, para impedir que seque.
  6. Quando o seu tamanho tiver duplicado colocamos a massa numa superfície de trabalho enfarinhada e cortamos tiras com cerca de 10 cm de largura. Damos-lhe um formato rectangular tosco e transferimos para o tabuleiro ou pedra de forno. Deixamos repousar novamente cerca de 45 minutos.
  7. Entretanto pré aquecemos o forno a 200 Cº. Pincelamos os cacetes com um pouco de água e colocamos no forno bem quente. Ao mesmo tempo que colocamos o pão no forno, como já tinha explicado aqui e aqui, colocamos também uma travessa com água a ferver dentro do forno. O tempo de cozedura dependerá do tamanho dos cacetes.
  8. Se não se sair bem à primeira, não desanime, aceite humildemente que tem que melhorar e acredite que vai conseguir!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

The Only Exception


Na semana passada, numa dessas malhas que a circuntância prende à conversa, quem não sabe estar calado, ouvi uma Amiga comentar que tinha comido uma feijoada quase à meia-noite. Podia ter pensado em mil e uma banalidades para continuar o diálogo, estou certa de que arranjaria alguma, mas há muito que estas excepções me ensinaram a respeitar as regras da vida. Da minha e das outras. Vidas que excepcionam as regras e que têm regras diferentes da minha. Vidas de quem adora pasteis de nata pela manhã, de quem sente saudade de bananas com sumo de limão à sobremesa, de quem anseia por pão com chouriço ao lanche e de quem se atreve com uma feijoada à hora da ceia. Vidas que fazem das excepções dos outros as suas regras. De vez em quando, também eu quebro as minhas regras. Foi o que aocnteceu com esta sopa de grão, alho-francês e queijo parmesão que comi hoje ao almoço....sem mais nada, só porque me estava a apetecer!


SOPA DE GRÃO,ALHO-FRANCÊS E QUEIJO PARMESÃO.
(Adaptada do Livro Na Cozinha com Jamie Oliver de Jamie Oliver)
Tempo de preparação: 15 minutos;
Serve: 4 pessoas.

  • 545 de grão de bico cozido;
  • 3 alhos-franceses;
  • 1 batata grande;
  • 1 colher de sopa de azeite;
  • 1 noz de manteiga;
  • sal, pimenta preta moída;
  • 3 dentes de alho finamente picados;
  • 1 litro de caldo de galinha;
  • 50 gr de queijo parmesão+ extra para polvilhar;
  • uma mão cheia de salsa picada;
  • azeite virgem extra para servir;
Modo de preparação:
  1. Leve uma panela ao lume com o azeite e a manteiga. Descasque a batata e parta-a em cubos. Parta os alhos-franceses em rodelas finas e pique o dente de alho. Junte os alhos franceses, os dentes de alho e a batata ao azeite e manteiga quentes. Deixe alourara até o alho-francês estar macio. Junte o grão e cubra com o caldo. Deixe ferver por 10 a 15 minutos.
  2. Reserve uma parte do caldo e passe a outra pela varinha mágica ou copo misturador. Leve novamente ao lume, e acrescente mais água se achar necessário. Acrescente o queijo parmesão e verique os temperos.
  3. Regue com um fio de azeite, polvilhe com pimenta preta e salsa picada e sirva polvilhado com mais queijo e um pedaço de pão....e quebre as suas regras de vez em quando!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Come Fly With Me

 

A distracção gosta de sair à rua sem ser vista. Esgueira-se entre as beiradas das janelas e esconde-se com mestria nos gestos habituais das gentes que por ela passam. Em jeito de fuga, como menina traquina, a distracção acompanha os diálogos acenando com o corpo a confirmação da sua presença. Se a miram, disfarça, pois bem sabe que a mente ausente é sua prisioneira. Mas, mal pode, continua a passo ligeiro, com pressa de chegar ao seu destino. Sem anunciar a visita, chega calada e acomoda-se, destronando a concentração em silêncio. Um xeque-mate inteligente e arrebatador. Confiante e sedutora, a distracção agarra o pensamento pela mão e leva-o para onde quer. Parte sem deixar rastro e só volta quando tiver vontade. Ás vezes, muitas mais do que as que eu gostaria, deixo-me levar por essa mão segura e não trabalho, sonho. E num desses sonhos de escritório, voei por aí e vi este soufflé de bacalhau. Não lhe consegui resistir! Vocês conseguem?

SOUFFLÉ DE BACALHAU
(Adaptada da Revista Pública)
Tempo de preparação: 25 minutos;
Serve: 6-8 pessoas;
  • 250 gr de bacalhau demolhado;
  • 250 ml de leite;
  • 2 folhas de louro;
  • 1 cebola pequena;
  • 4 gemas;
  • 5 claras;
  • 50 gr farinha;
  • 70 gr de manteiga;
  • 75 gr queijo emental ralado, ou outro da sua preferência;
  • 1 colher de chá de mostarda de Dijon;
  • 1 pitada de noz moscada;
  • sal e pimenta preta moída;
Modo de preparação:
  1. Coza o bacalhau no leite, com a folha de louro. Deixe arrefecer e desfaça-o em lascas. Reserve o leite da cozedura, mas certifique-se que não ficou com espinhas!
  2. Pré-aqueça o forno a 200 Cº. Unte generosamente 6 a 8 forminhas com manteiga e polvilhe com farinha.
  3. Enquanto o bacalhau esfria, derreta a manteiga em lume brando. Junte a farinha e mexa durante um minuto. Regue com o leite da cozedura do bacalhau, mexendo sem parar, até formar um creme homogéneo. Junte e cebola descascada, uma pitada de noz moscada, e deixe levantar fervura. Reserve.
  4. Junte as lascas de bacalhau, as gemas, o queijo ralado e a mostarda. Retire a cebola e a folha de louro do creme branco e junte-o ao preparado anterior. Mexa para incorporar todos os ingredientes.
  5. Bata as claras em castelo. Devem ficar firmes mas não duras. Incorpore as claras aos poucos na mistura de bacalhau. Deite nas formas, tendo em conta que o soufflé irá crescer (se tudo correr bem!) e leve ao forno quente durante 20 minutos ou até estar dourado. Durante a cozedura não abra a porta do forno.
  6. Sirva com uma salada. Funciona bem como prato principal ou como entrada. Também pode utilizar sobras de pescada, ou outro peixe que queira aproveitar.
  7. Deixe-se apanhar distraído...não há nada melhor!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Rivers Of Love


Há alguns anos que tracei a capa negra da saudade. Aprendi a manter à distância as amizades que outrora foram construídas de proximidade. Aceitei não viver por perto, não conversar ou ir ao cinema, não trocar confidências diárias. Resignei-me ao convívio de vez em quando, aos telefonemas de ocasião, aos encontros de hora marcada com aqueles que eram os amigos de todos os dias. Tracei e capa e vim embora. Saudosa, mas feliz. Na mala carreguei as memórias vivas de um pedaço da vida e uma única certeza: a de ter feito Grandes Amigos. Amigos que não vivem só do dia-a-dia, do jantar de sábado, do dia de festa. Amigos de diálogo interrompido que se retoma a qualquer hora, em qualquer circunstância, em qualquer dias destes. Amigos de sorriso franco e gargalhada pronta. Amigos de inteligência reconhecida e de espírito elevado. Amigos de gostos afins e crenças comuns. Acredito nessas Grandes Amizades, em que não há superiores e inferiores, há admiração , afecto e estima. Acredito nesses rios de amizade que nos acompanham ao longo da vida. Espero que vocês acreditem nestas Amizades também!


MIL FOLHAS DE MANGA E LARANJA
Tempo de preparação: 25 minutos;
Serve: 4 pessoas;

  • 1 placa de massa folhada;
  • 1 manga;
  • casca de 1 laranja;
  • 3 gemas;
  • 25 ml de leite;
  • 25 gr de farinha maizena;
  • 50 gr açúcar ;
  • 1 pitada de noz moscada;
  • 1 colher chá de canela;
  • 1 colher de sopa de açúcar em pó;
Modo de preparação:
  1. Pré-aqueça o forno a 180 Cº. Forre um tabuleiro para ir ao forno com uma folha de papel vegetal. Numa superficie de trabalho limpa estique a massa folhada e corte em círculos. Disponha os circulos no tabuleiro e polvilhe os circulos com açucar e canela. Cubra com ourra folha de papel vegetal e coloque outro tabuleiro em cima dos circulos de massa folhada (isto impede que a massa folhe demasiado). Leve ao forno cerca de 20 minutos ou até a massa estar dourada e folhada.
  2. Entretanto, leve o leite com a casca de laranja ao lume e deixe levantar fervura. Reserve.
  3. Numa tijela, bata as gemas com o açucar e depois incorpore a farinha, sem deixar de bater. Por fim, junte o leite fervido. 
  4. Volte a levar ao lume brando e, sempre sem deixar de mexer, deixe ferver até atingir a espessura desejada.
  5. Corte a manga em cubos.
  6. Para servir, coloque uma duas camadas de bolacha de massa folhada, uma colher de chá de creme, e cubos de manga. Termine com uma bolacha de massa folhada e polvilhe com açucar.

[NOTA: Um dos meus Blogues Favoritos completa 3 anos este mês. Uma Amizade Espiritual e Virtual que eu não podia deixar de felicitar. A Moira é uma cozinheira de mão-cheia, um talento reconhecido que eu admiro muito. Inspira-me diariamente a cozinhar  e hoje inspirou-me a escrever sobre Grandes Amizades. Espero que ela goste da minha sobremesa!]


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Half of My Heart

 
Podia dizer-vos que cozinho criativamente todos os dias. Que procuro receitas novas, que utilizo ingredientes invulgares e que surpreendo os habituais comensais. Mas, estaria a mentir. Há dias em que, como a maior parte das pessoas, chego a casa tão cansada que só me apetece comer "qualquer coisa" que liberte o corpo da fome. No final da refeição, com a necessidade saciada, sinto-me triste e desapontada. Tenho sempre a impressão que desperdicei uma boa oportunidade para por a alma em liberdade, experimentar novas sensações, enfim, para me sentir autêntica, cheia de vida e  de energia criativa. Gosto quando os dias festivos quebram esse quotidiano e exigem que me transcenda, que me entusiasme e que cozinhe algo de diferente. Foi o que aconteceu hoje! Por ser dia de São Martinho, em vez das castanhas assadas habituais, resolvi fazer este creme de castanhas com presunto e as duas metades do meu coração ficaram unidas, recompostas em torno de uma excelente refeição!

CREME DE CASTANHAS COM PRESUNTO
Adaptada da receita do Chef Camilo Jaña
Tempo de preparação: 25 minutos;
Serve: 4 pessoas

  • 350 gr de carne de frango, com osso e pele(eu usei asas);
  • 700 gr de castanhas;
  • 100 ml brandy;
  • 1 cebola média;
  • 3 colheres de sopa de azeite;
  • 30 gr manteiga;
  • 1,5 l caldo de carne;
  • 100 ml de natas;
  • sal, pimenta preta a gosto;
  • presunto e alecrim para servir;
Modo de preparação:
  1. Corte a cebola em pedaços grossos. Coloque o azeite numa panela e leve ao lume. Quando estiver quente, aloure a cebola e as peças de frango. Acrescente as castanhas e a manteiga e cozinha durante de cerca de 5 minutos em lume médio.
  2. Retire as peças de frango. Reserve os restantes ingredientes na panela com o lume baixo. Limpe o frango de peles e ossos. Coloque a carne novamente na panela e junte o brandy. Com a ajuda de um maçarico, flameje e junte o caldo de carne.
  3. Cozinhe em lume médio por cerca de 20 minutos, ou até às castanhas estarem bem cozidas. Rectifique os temperos e junte as natas. Bata com uma varinha mágica ou copo misturador até obter um creme homogéneo. Aproveite todos os momentos para realizar actividades que o elevem, o potenciem e o façam sentir vivo! Bom São Martinho!

[Esta receita participa num Passatempo de São Martinho que podem ver aqui]

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Time is On My Side



Olho fixamente para os números ordenados do calendário. Incrédula, carrego mentalmente na tecla "pause" da velha máquina do tempo. Como é possível que os dias quentes de Setembro já tenham terminado? Alguém é capaz de me dizer onde está o bafo frio das manhãs de Outubro? Novembro. Será que não estou enganada? Por mais que goste de fazer mil e uma coisas, há dias em que a correria do dia-a-dia se torna insuportável. Dou por mim a entrar numa dessas tiras de banda desenhada, em que a realidade é estática, os diálogos são lidos à vez e nunca ninguém fala ao mesmo tempo.  Dias em que percebo que a única coisa que gasto, mesmo quando não me lembro de a ter usado, é o tempo! Dias em que chego a casa tão tarde que quase não me lembro se é hora de chegar ou de partir. Uma loucura! Os dias vão-se somando, unindo os fios das horas que contam, e de repente, já não são dias, são meses, que depressa se transformarão em anos. O cheiro a castanhas quentes nas ruas, os agasalhos que nos pesam no corpo, confirmam o mês que o calendário anuncia. Como o tempo nem sempre caminha ao meu lado, procuro encontrar soluções para um pequeno-almoço rápido e saboroso que me ajude a enfrentar a loucura de mais um dia! Espero que gostem!


BATIDO DE MAÇÃ, PÊRA E CANELA
Tempo de preparação: 10 minutos (ou menos)
Serve: 2 pessoas

  • 1 maçã;
  • 1 pêra;
  • 200 ml de água a ferver;
  • 1 pacote de chá de limão e gengibre;
  • 1 colher de chá de mel;
  • 125 ml iogurte natural;
  • 1 colher de chá de canela em pó;
Modo de preparação:
  1. Descasque a pêra e a maçã e corte-as em pedaços. Entretanto, coloque o pacote de chá de limão e gengibre em infusão na água a ferver e deixe arrefecer. Num copo misturador coloque os pedaços de fruta, o mel, o iogurte e o chá e bata até ficar cremoso. Sirva polvilhado com canela e aproveite o tempo de Outono para saborear um batido ao pequeno-almoço!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Heroes





Mesmo o português mais lunático não consegue certamente evitar pensamentos soltos acerca da crise.  Com a cabeça colada às noticias, que própria crise fabrica, qual Camões com um dos olhos tapados, o lunático português só vê meia verdade. Ou só vê a metade que quer ver. Insiste, debate e discute o lado financeiro e económico da crise. Iludido, ouve economistas com atenção e, mesmo sem perceber patavina daquilo que escuta, crê nas soluções financeiras que lhe apresentam. Acusa e culpabiliza políticos. Acomoda-se. Suspira e acaricia as contas gastas do seu  rosário, enquanto suplica por um Novo Salvador. Aguarda por D. Sebastião.  Mesmo o português mais lunático recusa-se a aceitar a sua responsabilidade na crise. Não se interroga. Não se questiona sobre as suas atitudes. Escolhe acreditar em heróis de capa e espada e continua com um dos olhos vendados. E espera que tudo mude, enquanto continua a viver no Mundo da Lua.

FILETES DE PESCADA COM PURÉ DE GRÃO
(Adaptado do Livro "Cozinha para Quem quer Poupar" de Mafalda Pinto Leite)
Tempo de preparação: 15 minutos (mais ou menos)
Serve: 4 pessoas;

  • 4 filetes de pescada (ou outro peixe branco)
  • 2 colheres de sopa de azeite + extra para pincelar;
  • 1 cebola média;
  • 1 dente de alho;
  • uma mão cheia de salsa;
  • 250 ml de água (ou de caldo de galinha);
  • 2 colheres de chá de cominhos;
  • 1 colher de sopa de sumo de limão;
  • 2 latas de grão cozido;
  • 150 gr de tomate cereja;
  • 100 gr de folhas de espinafres arranjados;
  • 2 colheres de sopa de sementes de sésamo para servir (eu usei pretas);
Modo de preparação:
  1. Pique finamente o alho e a cebola. Coloque duas colheres de sopa de azeite num tacho, acresente o alho e a cebola picados e os cominhos. Leve ao lume cerca de 1 minuto e junte o grão cozido. Cubra com água e deixe ferver, cerca de 8 minutos. Retire do lume e junte o sumo de limão e a salsa. Triture num robot de cozinha, ou com uma varinha mágica, até ficar um puré homogéneo.
  2. Entretanto, tempere os filetes de pescada com sal e pimenta a gosto e pincele ambos os lados com azeite. Aqueça uma frigideira anti-aderente em lume bem alto e coloque os filetes deixando cerca de 1 a 2 minutos. Retire e reserve.
  3. Para servir, disponha o puré de grão, seguido de tomate cereja e salpicado com folhas de espinafres. Polvilhe com sementes de sésamo e regue com um fio de azeite e sirva imediatamente....

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Magnificent


Cada família tem os seus mitos culinários. Seja o corriqueiro Arroz que acompanha, seja o elaborado Bacalhau que se apresenta, seja o Leite-Creme que finaliza. Todas as receitas familiares têm direitos de Autor que o carinho de quem come reserva, a quem por amor cozinha. Não há como um assado de domingo da Mãe, um pão-de-ló festivo da Tia, ou uma barriga-de-freira tradicional da Avó. Nem com mil e um cuidados se igualam as pataniscas ou se imitam as rabanadas. É com suspiros que se aguardam os sonhos de Natal, e com ansiedade que se espera a marmelada do Outono. São bens cuja posse não se esbulha, e cuja propriedade não se espera herdar. Na minha família é assim. A Marmelada é território demarcado pelas tijelinhas pequenas da Avó. A mim, resta-me apreciar os Marmelos....com calda de baunilha e laranja!


MARMELO COM CALDA DE BAUNILHA E LARANJA:
Adaptado de Cozinha Rápida de Donna Hay
Tempo de preparação: 20 minutos (mais ou menos)
Serve: 2 pessoas
  • 1 marmelo;
  • 1 vagem de baunilha;
  • 500 ml de água;
  • 200 gr de açúcar;
  • raspa de meia laranja;
  • 2 folhas de louro;
Modo de preparação: 
  1. Descasque o marmelo e corte em rodelas grossas. Parta a vagem de baunilha a meio. Coloque numa panela a agua, o açúcar, a raspa de laranja, a baunilha e o marmelo descascado. Leve a lume alto e deixe levantar fervura. Reduza o lume para médio e deixe ferver, cerca de 20 minutos, ou até o marmelo estar tenro.
  2. Sirva com metade da calda......

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Slow down



Costumam dizer-me que sou uma pessoa segura, confiante, optimista e decidida. Apesar de gostar destas caracteristicas que simpaticamente me atribuem, sou forçada a discordar. A verdade é que sou como os outros. Igual, sem tirar nem pôr. Padeço da mesma ansiedade, insegurança e pessimismo. Tenho os meus dias, horas e momentos de indecisão. Não acredito nessa divisão tão linear das coisas. Para mim não existem pessoas ansiosas e não ansiosas. Existem pessoas que controlam magistralmente a sua ansiedade. Escutam a sua mente com atenção. Ouvem os passinhos rápidos e apressados da ansiedade. E, assim que sentem o seu bafo quente e adocicado perto do ouvido, sussurando alarme, desgraça e desânimo, fogem e afastam o seu pensamento para longe. Eu sou assim. Sou ansiosa. Este é um traço hereditário do meu carácter que combato estoicamente. Luto com firmeza contra a ansiedade. Uma das coisas que me traz serenidade e me faz sorrir alegremente pensando com optimismo nos problemas, é cozinhar. Refugio-me na minha cozinha e só volto quando já me acalmei. Este é uma dos meus truques habituais para afastar pessimismo, nervosismo e tristeza. Hoje para combater a ânsia fiz estes enrolados de maçã, noz e canela e esqueci completamente o fim-de-semana de chuva! Experimentem....




ENROLADOS DE MAÇÃ, NOZ E CANELA
Adaptado do Livro Cozinha para Quem quer Poupar de Mafalda Pinto Leite)
Tempo de preparação: 10 minutos + 90 minutos de fermentação + 30 minutos de cozedura
Serve: 6 a 8 pessoas;

  • 125 ml + 1 colher de sopa de leite morno;
  • 2 colheres de chá de fermento para pão (Tipo Fermipão);
  • 2 + 1 colheres de sopa de açúcar;
  • 1 ovo batido + 1 gema;
  • 250 gr de farinha sem fermento;
  • 60 gr de manteiga;
  • 200 gr de maçã;
  • 100 gr de noz;
  • 1 colher de chá de canela;
  • açucar em pó para polvilhar;
Modo de preparação:
  1. Numa tigela misture a farinha e o fermento. Com a batedeira eléctrica a trabalhar, adicione a manteiga e bata por 1 minuto. Junte 125 ml de leite, 2 colheres de sopa de açúcar e o ovo batido e bata durante cerca de 8 minutos, até se formar uma bola de macia e elástica. A massa não deve ficar pegajosa, por isso adicione mais farinha se achar necessário. Reserve tapado com papel aderente num local longe de correntes de ar, e deixe levedar por cerca de 45 minutos, ou até que duplique o seu tamanho.
  2. Entretanto, rale a maçã e a noz e misture com o restante açúcar e a canela. Reserve.
  3. Quando a massa tiver duplicado o seu tamanho, transfira para uma superfície limpa levemente enfarinhada e estenda com o formato de um rectângulo. Barre a massa com a mistura de maçã, noz e canela, e começando com a parte mais comprida, enrole formando uma espécie de tronco. Corte cerca de 12 fatias.
  4. Num tabuleiro forrado com papel vegetal, disponha as fatias encostadas. Entretanto misture a gema de ovo com o leite restante e pincele os enrolados. Deixe levedar mais 45 minutos, ou até duplicarem o seu tamanho.
  5. Leve ao forno a 180 C.º durante cerca de 30 minutos e sirva quente. Pode fazer na véspera e aquecer quando servir...e relaxe!