Aos dez anos deixou a escola. Aos dezasseis casou-se. Ainda não tinha completado trinta e três anos quando lhe nasceu o primeiro neto. Depressa percebeu que no seu relógio as horas não eram perpétuas e as bocas que pediam comida multiplicavam-se a cada minuto. Sempre que o barco se afastava da terra pensava neles. Nos filhos, nos netos. Não quero que sejam pescadores, disse um dia aos amigos, batendo decidido o às de copas na mesa de pedra. Soltou as amarras e as palavras zarparam-lhe boca fora. Ninguém lhe respondeu. O Mar podia ouvir. Zangar-se. E as mulheres a trocarem os lenços brancos pelos xailes pretos. E o barco a partir e a anunciar o fim. Gaspar gostava de pensar que o futuro dos seus seria diferente. Sem a pele curtida, sem as aspas desenhadas nos cantos dos olhos, sem o medo de não voltar.
SARDINHAS DE ESCABECHE
Adaptado do Livro "Sabores e Cozinha, ao encontro de Portugal" da Tessa Kiros
Tempo de preparação: 15 minutos, mais ou menos;
Serve: 4-6 pessoas;
- 8 sardinhas;
- 1 cenoura;
- 1 cebola;
- 2 dentes de alho;
- 125 ml de vinagre;
- 125 ml de água;
- 2 folhas de louro;
- 1 colher de sopa de polpa de tomate;
- 1 colher de sopa de Vinho da Madeira;
- 2 colheres de sopa de azeite + extra para fritar;
- farinha q.b.;
- uma mão cheia de salsa;
Modo de preparação:
- Tempere as sardinhas com sal. Passe-as por farinha. Leve uma panela com azeite ao lume e disponha as sardinhas, numa só camada, deixando-as alourar de um lado e de outro. Quando estiverem douradas, retire do lume e transfira para um prato de servir.
- Entretanto, parta a cebola e a cenoura em rodelas finas e pique os dentes de alho e a salsa finamente.
- Leve o azeite ao lume num tacho pequeno. Junte as rodelas de cebola e assim que estiverem moles junte a cenoura. Deixe apurar uns minutos e acrescente o alho e as folhas de louro. Quando começar a cheirar bem adicione a polpa de tomate, o vinagre e o vinho. Deixe ferver cerca de 5 minutos e adicione a água. Deixe o molho ferver até ter consistência.
- Retire as folhas de louro e regue as sardinhas com o molho e polvilhe com salsa picada. Sirva quente ou frio.
- Se tiver tempo e paciência, em vez de usar as sardinhas inteiras, arranje-as em filetes.....
Adoro tudo de escabeche! Esta sardinhas são perfeitas para uma refeição de verão!
ResponderEliminarMais do que das sardinhas, que parecem óptimas, gostei (gosto) mesmo é da(s) história(s). Beijinhos
ResponderEliminarSardinhas ou carapaus de escabeche são sabores que me reportam à infância onde sempre assisti à preparação deste petisco em casa dos meus avós maternos. Sobra peixe frito? Então faz-se escabeche! : )
ResponderEliminarbeijinho grande até ao Porto
P.S. - Bela coincidência a de dia 16. ehehe
Um pratinho que faz as delicias de miudos e graudos nesta época do ano em que as sardinhas demarcam os santos populares. Fiquei com pena do Gaspar...
ResponderEliminarBeijinhos
Adoro sardinhas de escabeche! Para além de gostar, faz-me lembrar um prato feito pela minha mãe. Lá casa, eram mesmo frias. A minha mãe fazia sardinhas a mais e depois fazia o molho de escabeche. Guardava no frigorífico. Passados uns dias, comiam-se com salada e batata cozida, e claro broa. Obrigada por este bocadinho.
ResponderEliminarP.S. A próxima receita devia ser tua, e é um doce, mas como estou de abalada para férias vou deixar em stand-by. :))
Beijinhos
Filipa lembro-me da minha mãe fazer esse petisco tão apreciado por todos lá em casa, mas há sempre uma ovelha negra, era eu, :), não gosto de sardinhas.
ResponderEliminarBjs
São sabores, livros e histórias que me fascinam.
ResponderEliminarComo sempre as tuas palavras agarram-nos. :)
Beijinhos
Que saudades que tenho d'um bom escabelhe, a minha mãe faz muito bem. Tenho que fazer aqui em casa, a receita já aqui está. Como sempre uma excelente história
ResponderEliminarUm beijinho
Bem, apesar de gostar de sardinhas, acho que passo.
ResponderEliminarGostei mais do texto ;-)
Um beijo
Teresa
Mas nós precisamos dos "caras valentes" para pescarem as sardinhas pra nós :)
ResponderEliminarEsta receita faz-me lembrar a minha bisavó Rosa que não cheguei a conhecer, mas que segundo contava a minha avó preparava assim as sardinhas e enviava-as em barricas para o meu bisavô que imagine-se estava em África.
ResponderEliminarSe quiseres conhecer a minha bisavó Rosa, passa por aqui: http://teoriadotudoedonada.blogs.sapo.pt/35938.html
Beijocas e bom fim de semana